Tel Aviv e Jerusalém: o que você precisa saber

Em 2017, uma correspondente do Passagens Imperdíveis nos deu um panorama geral sobre Tel Aviv e Jerusalém. Sendo assim, este artigo é uma boa maneira de começar

Mas se você quer ir mais a fundo e obter informações práticas e atualizadas para viajar a Israel, talvez vá gostar também destas outras postagens:

De volta ao artigo, inspire-se para a sua viagem a Tel Aviv e Jerusalém com estas informações preliminares.

Por Sabrina Abreu (@abreusabrina) | Em Israel, Tel Aviv é conhecida como “a bolha”, ou seja, uma cidade que consegue se manter à parte do restante do país, especialmente ao que se refere à religião. Você pode, sim, esbarrar com judeus ortodoxos e seus chapéus pretos ou com mulheres muçulmanas escondendo o cabelo sob o higab. Mas eles não chamam tanto a atenção, são minoria e se fundem na paisagem, em meio a jovens e adultos que disputam mesas em incríveis cafés, bares e boates, locomovem-se de bike e patinetes e tomam banho de mar usando trajes dos mais ocidentalizados — sim, seu biquininho brasileiro está liberado em suas areias quentes e brancas.

Banhada pelo Mediterrâneo, Tel Aviv é aquele tipo fascinante de destino que une todos os componentes de uma cidade grande a um litoral que, realmente, vale a pena explorar e que influencia muito o estilo de vida de seus habitantes. É aquele grupo seleto do qual faz parte outras cidades, como o Rio de Janeiro e Barcelona. Espere encontrar museus, restaurantes e vida noturna agitada. Mas sem perder de vista os encantos diurnos, que podem ser explorados a pé ou sobre uma bicicleta (elas estão em todos os lugares, é fácil alugar e estacionar).

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A apenas uma hora de distância, Jerusalém é uma cidade histórica, que exige contemplação e respeito. Mas que também está pronta para surpreender, com um perfume mais forte de Oriente Médio, na Cidade Velha, e com opções de luxo e modernidade, nos bairros da área Ocidental e no Centro Novo. Visitar os pontos sagrados para as diferentes religiões é um imperativo, independentemente de sua fé ou falta de fé.

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Como chegar

O aeroporto Ben Gurion fica a meio caminho entre as duas cidades mais importantes de Israel, Tel Aviv, centro financeiro e cultural, e Jerusalém, capital do país. Saindo do Brasil, não há voos diretos para Israel, portanto é necessário escolher entre companhias aéreas europeias e africanas. É possível fazer escala em Paris, Roma e Frankfurt (as mais comuns) ou até em Adis Abeba, na Etiópia.

Por terra, também dá para alcançar Israel, passando pelo Egito ou pela Jordânia. Os países fazem fronteira com a parte Sul do território Israelense. São as duas únicas nações do Oriente Médio com as quais Israel tem relações diplomáticas e essa é a razão do trânsito descomplicado.

Aqui, vale um esclarecimento: à exceção do Egito e da Jordânia, países árabes ou muçulmanos costumam ter restrição a passaportes que apresentem o visto israelense. Na prática, isso significa poder ter a entrada negada, por exemplo, no Líbano, por causa de um carimbo. Para facilitar a vida de viajantes em geral, Israel passou a não mais carimbar os passaportes, mas apenas a dar um visto solto num papelzinho. Ao mesmo tempo, o país recebe turistas que tenham registro de entrada em quaisquer países árabes e/ou muçulmanos, como o próprio Líbano, por exemplo.

Quando ir

Localizado no Hemisfério Norte, Israel tem as estações trocadas em relação ao Brasil. Ou seja: quando é verão por aqui, é inverno por lá (de dezembro a fevereiro). Muita gente prefere o outono ou a primavera para visitar Israel, porque as temperaturas são amenas, ao passo que o inverno pode fazer um incômodo frio (com ocasional neve em Jerusalém e no Norte do país, mas não tem Tel Aviv) e o verão tórrido e úmido, sobretudo no litoral. Mas eu amo mesmo é o verão no país, com as temperaturas lá no alto, que são um convite para passar o dia inteiro na praia e a noite usando apenas vestidos levinhos.

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É bom estar de olho no calendário das festas judaicas (ele é guiado pelo ciclo lunar, portanto as datas não são as mesmas, ano a ano, no nosso calendário, que é solar). Em época de festas importantes, como Páscoa (ou Pessach), reservar hotel e voos pode ser mais difícil e, consequentemente, mais caro.

Que meio de transporte usar

Em Tel Aviv: vale alugar uma bicicleta (alguns hotéis têm convênios ou mesmo oferencem bikes gratuitamente aos hóspede, vale checar!). Para ir de um a outro ponto dentro da cidade, vale baixar o aplicativo Moovit, atualizadíssimo com as rotas e horários (cada ticket custa 5,90 NIS, ou seja, Novo Shekel Israelense, que é a moeda local). A cidade não é grande, mas tende a ser engarrafada, portanto, o que pode encarecer as corridas de taxi. Atualmente, não há serviço de Uber no país.

De Tel Aviv para Jerusalém, o trajeto de ônibus é fácil e rápido. Vale pegar o número 405, na rodoviária central de TLV e descer na rodoviária central de Jlem. Custa 18 NIS cada perna. E a experiência antropológica não tem preço! Sério: preste atenção no Mc Donald’s azul, na rodoviária de Jerusalém. Ele é assim, por ser 100% e impecavelmente Kosher, ou seja: de acordo com a Lei Judaica para alimentação, a qual proíbe, por exemplo, a ingestão de carne e leite (ou seus derivados) numa mesma refeição.

Em Jerusalém, um trem circunda a cidade e é útil especialmente em passeios mais distantes, por exemplo, da Cidade Velha até o Museu do Holocausto/Yad VaShem (esses são os dois lugares que considero imperdíveis numa viagem à cidade). Informações sobre ele aqui.

Na Cidade Velha, carros não entram. O passeio é a pé. E o ideal é se deixar perder pelas ruelas, cheias de histórias, surpresas e pechinchas.

Principais atrações

Vamos por parte. Em Jerusalém, o destaque é a história. Na Cidade Velha, visite a Via Dolorosa, culminando no Santo Sepulcro, vá ao Kotel, ou Muro das Lamentações (e não se esqueça de colocar um papelzinho com sua oração por entre as pedras!). Também visite o Monte do Tempo, ou Esplanada das Mesquitas, onde já foi erguido grande templo judaico (primeiro por Salomão e, depois, por Herodes), mas hoje há a Mesquita de Al-Aqsa e o Domo da Rocha. O Museu do Holocausto é para se conhecer com tempo. Reserve, pelo menos, quatro horas para sua visitação. Ele é o mais completo e impressionante museu dedicado ao tema, embora haja muitos outros mundo afora. À noite, vale passear pela Rua Ben Yehuda e adjacências, para ver a face mais moderna da cidade.

Aqui, vale uma observação: para visitar quaisquer locais considerados santos, homens e mulheres não podem estar com o colo e os ombros de fora. Nem de pernas à mostra. Se para eles, é mais fácil estar apenas com uma camiseta de mangas curtas e calça comprida, para elas, as regras de vestuário vão além. Esqueça calças justas e saias justas, é preciso além do comprimento, vigiar o formato da roupa. Em meses mais quentes, ter um xale dentro da bolsa ajuda a transformar uma camiseta num look mais apropriado, cobrindo o colo e os braços. Não se preocupe com o cabelo: se você não professar uma fé específica que exija a cobertura dos fios (como a muçulmana), está liberada para usar o cabelo normalmente.

Em Tel Aviv, a antiga estação de trem foi renovada, assim como o porto. Ambos os lugares ganharam opções gastronômicas para todos os gostos e bolsos. Três outros endereços para foodies: Sarona Market, Shuk Rothschil Alleby e Shuk Carmel. Todos eles são dedicados à gastronomia. Os dois primeiros lembram opções dos EUA e da Europa, de um chique despojado, com alta qualidade, opção para escolher o peixe fresco ou um tempero exótico e levar para casa, ou consumir nas mesas comunais um prato feito na hora (gostoso e sem frescura). Há também dezenas de rótulos de vinhos israelenses (vale provar!) e importados, além de o mesmo servir para as cervejas artesanais.  Já o Shuk Carmel tem mais a cara (real/oficial) do Oriente Médio, com barraquinhas mais simples e vendedores gritando ofertas. Mas a qualidade continua impecável.

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Para crianças

Os museus israelenses costumam receber crianças, em excursões, ao longo do ano. Do Tel Aviv Art Museum ao Museu de Israel, que fica em Jerusalém, há sempre algo que possa maravilhar os pequenos. Tel Aviv tem ainda a praia, lugar sempre divertido de levar crianças. É possível entretê-las em passeios com adultos. Mas os pontos fortes da viagem, como a Cidade Velha e o Museu do Holocausto não são amigáveis para um passeio infantil. No primeiro caso, as ladeiras logo se tornam cansativas para pais e filhos. E no segundo, a entrada de crianças é desaconselhada, por seu tema por demais impressionante.

Com crianças, prefira fazer a travessia do Mar da Galileia (na verdade, um lago imenso e azul) de barquinho, visitar o Zoológico de Jerusalém e se banhar no Mar Morto (aliás, essa é uma dica que vale para qualquer idade). É impossível mergulhar ou afundar em suas águas, com grandes concentrações de minerais. Por isso, o programa é seguro e interessante: basta boiar no local mais baixo de toda a terra.

Quanto tempo ficar

Israel é um país de proporções modestas (ou mínimas, se compararmos ao Brasil). O território total pouco ultrapassa os 20 mil quilômetros quadrados. Ou seja: área semelhante à do Estado do Sergipe. Portanto, além das dicas sobre Tel Avi e Jerusalém, é importante anotar esta daqui: aproveite a viagem para conhecer o Norte e o Sul do país. Ele pode ser  atravessado em cerca de seis horas. É servido por trens e ônibus pontuais e confortáveis, de ponta a ponta. E, mais importante, apesar de pequeno, sobram atrações históricas e naturais. Por isso, uma semana é o mínimo para se aproveitar o país, tanto se dedicando a Tel Aviv e Jerusalém, quanto partindo em viagens para a Galileia, Mar Morto, Haifa e Akko, Eilat, destinos que valem a pena conhecer!

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Onde comer

Em Tel Aviv, além dos mercados de Sarona,  Rothschil Alleby eCarmel, com cozinhas variadas, há restaurantes que valem muito a pena. Visite o Bennedict para um café da manhã de primeira, a qualquer hora do dia e da noite (os atendentes sempre recebem com um “boker tov”, que quer dizer “bom dia”), o cardápio é focado em como o desjejum é feito em diferentes partes do mundo. Para uma sobremesa perfeita, vá de Max Brenner, uma rede dedicada ao chocolate, criada por israelenses e que se expandiu para países como Austrália e Estados Unidos. Vicky Cristina é um bar de tapas, onde dá para ter um jantar despojado e seguir noite adentro. Com clima artsy como o bairro onde está localizado, o Redez Vouz é um achado para ir com amigos passear em Neve Tzedek, bairro jovem, cheio de lojas de design e concrentração de grifes da moda local.

Em Jerusalém, o Adom é um restaurante na antiga estação de trem, que também foi remodelada. Peça algum prato com carne e não se decepcione. Mas se o desejo da noite for peixe, vale ir ao Happy Fish, que, como o nome indica, é próprio para os fãs de pescados. Também tem localização imbatível. Está situado no complexo Mamilla, que inclui um hotel de luxo e um shopping center, bem em frente à Cidade Velha.

Quanto dinheiro levar (e o que comprar)

Pense em 100 dólares por dia (o que, no câmbio atual, ultrapassa um pouco os 350 shekels). Isso deve ser o suficiente para um almoço light, um jantar incrível e para as comprinhas que vão seduzir até quem não faz a linha consumista.

Entre os produtos mais típicos, há muita beleza para ser vista (e comprada!) em Israel. Vestidos e casacos bordados, expostos no Mercado Árabe, dentro da Cidade Velha. Cerâmica Armênia, também dentro dos muros que separam a parte mais antiga de Jerusalém. Artigos religiosos, tapetes drusos feitos, com pura lã de ovelha, capas de almofada, entre tantos outros itens. Quem ama moda e design pode se preparar levando uma mala e uns dólares a mais. Você vai me agradecer.